Cirurgia das Amígdalas: por que, como e quando é indicada
A cirurgia das amígdalas — conhecida como amigdalectomia — é um dos procedimentos mais comuns na otorrinolaringologia, especialmente em crianças. Apesar de ser amplamente realizada, ainda levanta muitas dúvidas entre pais e pacientes:
- “Por que tirar as amígdalas?”
- “Será que prejudica a imunidade?”
- “Como é a recuperação?”
Neste artigo, você entenderá para que servem as amígdalas, quando a cirurgia é necessária, como ela é feita e o que esperar após o procedimento.
O que são as amígdalas e qual é sua função
As amígdalas palatinas são estruturas localizadas no fundo da garganta, visíveis ao abrir a boca. Elas fazem parte do Anel Linfático de Waldeyer, que também inclui:
- Adenoides (ou tonsilas faríngeas), situadas atrás do nariz;
- Amígdalas linguais, na base da língua.
Essas estruturas atuam como barreiras naturais de defesa, ajudando a proteger o corpo contra vírus e bactérias que entram pelas vias respiratórias e digestivas.
Por isso, as amígdalas são maiores na infância, quando o sistema imunológico ainda está em formação, e tendem a regredir naturalmente na vida adulta.
Quando a cirurgia das amígdalas é indicada
A amigdalectomia não é indicada apenas porque as amígdalas são grandes. Existem critérios médicos claros que determinam quando a cirurgia é realmente necessária.
As principais indicações são:
1. Infecções de repetição
A cirurgia é recomendada quando há amigdalites bacterianas recorrentes, confirmadas por exame clínico e que exigem tratamento com antibióticos.
Geralmente, indica-se cirurgia se ocorrerem:
- 7 ou mais infecções no último ano;
- 5 ou mais episódios por ano nos últimos 2 anos;
- 3 ou mais episódios por ano nos últimos 3 anos.
2. Aumento exagerado das amígdalas (hipertrofia)
Quando as amígdalas são muito grandes, podem obstruir a passagem do ar, causando:
- Respiração bucal;
- Roncos noturnos;
- Apneia do sono (pausas respiratórias durante o sono);
- Dificuldade para engolir alimentos.
Em muitos casos, há aumento simultâneo das adenoides, e a cirurgia é feita para retirar ambas (adenotonsilectomia).
3. Mau hálito persistente (halitose) e formação de cáseos
Alguns pacientes apresentam
pequenas “massinhas brancas” nas amígdalas, conhecidas como
cáseos amigdalianos.
Eles são compostos de restos alimentares e células, causando
mau hálito mesmo sem infecção ativa.
Quando os cáseos são frequentes e incômodos, a remoção cirúrgica das amígdalas é o tratamento mais eficaz.
A cirurgia das amígdalas prejudica a imunidade?
Essa é uma das dúvidas mais comuns — e a resposta é
não.
A remoção das amígdalas
não enfraquece o sistema imunológico, pois outras estruturas linfáticas continuam desempenhando a função de defesa.
Após a cirurgia, o corpo mantém sua capacidade de combater infecções normalmente.
Como é feita a cirurgia das amígdalas
A cirurgia é realizada
pela boca, sem cortes externos ou cicatrizes visíveis.
O procedimento é feito sob
anestesia geral e dura, em média,
30 a 90 minutos.
Existem diferentes técnicas — com bisturi, radiofrequência ou cauterização — e, embora o laser seja muito citado, os estudos não mostram vantagens significativas em relação aos métodos convencionais.
O essencial é que o
cirurgião otorrinolaringologista tenha experiência na técnica utilizada.
A alta costuma ocorrer
no mesmo dia da cirurgia.
Cuidados e recuperação no pós-operatório
O pós-operatório requer atenção e cuidados simples, mas importantes:
Alimentação
Nos primeiros dias, a dieta deve ser líquida e fria — como sucos, gelatinas e sorvetes —, progredindo gradualmente para alimentos pastosos e depois sólidos. O famoso “sorvete depois da cirurgia” é realmente indicado, pois ajuda a aliviar a dor e o inchaço.
Repouso
Evite exercícios físicos, locais quentes e exposição ao sol durante as primeiras duas semanas.
Esses cuidados reduzem o risco de
sangramento, que é a principal complicação possível no pós-operatório.
Controle da dor
A dor é esperada, principalmente ao engolir, mas é bem controlada com
analgésicos e anti-inflamatórios prescritos pelo médico.
O desconforto costuma melhorar após
7 a 10 dias.
Perguntas mais comuns sobre a cirurgia das amígdalas
1. A cirurgia das amígdalas é muito dolorosa?
O desconforto é variável, mas geralmente leve a moderado. A dor é controlada com medicamentos e melhora progressivamente após uma semana.
2. Crianças pequenas podem operar?
Sim. A cirurgia pode ser indicada em qualquer idade, desde que haja
obstrução respiratória importante ou infecções repetidas.
Em muitos casos, operar cedo melhora o sono, o apetite e até o desenvolvimento da criança.
3. A cirurgia melhora o sono e o ronco?
Sim. Quando o aumento das amígdalas e adenoides causa apneia obstrutiva do sono, a cirurgia traz grande melhora na respiração e na qualidade do sono.
4. Posso escolher a técnica cirúrgica (laser, bisturi etc.)?
O tipo de técnica deve ser definido pelo cirurgião, considerando o caso clínico e a segurança do paciente. O mais importante é o domínio técnico do profissional, não o equipamento utilizado.
5. É normal ter dor e crostas brancas após a cirurgia?
Sim. A dor e a presença de placas esbranquiçadas na garganta são esperadas no processo de cicatrização. Apenas sangramentos intensos ou febre alta exigem avaliação médica imediata.
Quem pode fazer a cirurgia das amígdalas
A cirurgia pode ser realizada em
crianças, adolescentes e adultos, desde que haja indicação clínica.
Não existe uma idade máxima para o procedimento.
O mais importante é avaliar
como os sintomas impactam a qualidade de vida, especialmente em casos de apneia, infecções frequentes ou halitose persistente.
Conclusão
A cirurgia das amígdalas é um procedimento seguro e eficaz, indicado em situações específicas, como infecções de repetição, aumento obstrutivo ou formação de cáseos com mau hálito.
Com o acompanhamento médico adequado e cuidados corretos no pós-operatório, a recuperação é tranquila e os resultados são duradouros.
Se você ou seu filho apresentam infecções de garganta frequentes, roncos ou respiração bucal,
procure um otorrinolaringologista.
Somente uma avaliação individual pode determinar a melhor conduta para cada caso
