Meu filho não fala: quando se preocupar e o que fazer?

Maura Neves • 9 de outubro de 2025

O atraso na fala é uma das preocupações mais frequentes nos consultórios pediátricos e de fonoaudiologia. Essa apreensão é totalmente compreensível — afinal, a fala e a linguagem são pilares essenciais do desenvolvimento infantil, assim como engatinhar, andar ou interagir socialmente.

É importante saber que nem sempre “cada criança tem seu tempo”. Embora existam pequenas variações, o desenvolvimento segue etapas previsíveis, e atrasos significativos devem ser avaliados.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara quando o atraso na fala merece atenção, quais são as principais causas e o que os pais podem fazer para ajudar a criança.


Como se desenvolve a fala e a linguagem infantil

O desenvolvimento da linguagem ocorre de maneira gradual, acompanhando a maturação neurológica e os estímulos do ambiente.
A seguir, veja os
principais marcos esperados em cada faixa etária:



Idade O que esperar
6 meses Início do balbucio e das primeiras respostas aos sons e à voz dos cuidadores.
12 meses Entende ordens simples, reconhece palavras familiares e aponta para objetos.
18 meses Começa a formar frases curtas com 20 a 50 palavras.
2 anos Usa frases de até 3 palavras e já deve ter um vocabulário com mais de 50 palavras.
3 anos Forma frases completas e fala sobre eventos recentes.
3 a 5 anos Compreende instruções complexas, faz perguntas e conversa de forma clara.

Atenção: Se houver atraso importante em alguma dessas etapas, é essencial buscar avaliação profissional.


Quando o atraso na fala merece preocupação

Os sinais de alerta podem variar conforme a idade, mas alguns indicam a necessidade de uma investigação mais detalhada:

  • A criança não balbucia até os 9 meses;
  • Não fala palavras simples até 18 meses;
  • Não forma frases curtas até os 2 anos;
  • Tem dificuldade de ser compreendida por pessoas fora do convívio familiar após os 3 anos;
  • Não demonstra interesse em se comunicar (pouco contato visual, ausência de gestos ou interação).

Em qualquer um desses casos, é recomendado procurar um otorrinolaringologista.


Causas mais comuns do atraso na fala

O atraso na fala pode ter diversas origens, e identificar a causa é essencial para um tratamento eficaz.
Entre os fatores mais frequentes estão:


1. Pouca interação e estímulo

A linguagem se desenvolve a partir da troca entre a criança e seus cuidadores. Conversar, cantar, brincar e contar histórias são atividades fundamentais para o aprendizado da fala.


O uso excessivo de telas (TV, celular, tablet) reduz o estímulo auditivo e social, prejudicando o desenvolvimento da linguagem.

2. Mastigação e alimentação pastosa por muito tempo

O fortalecimento da musculatura da face e da língua depende da alimentação adequada.
Crianças que consomem papinhas por tempo prolongado podem ter menos estímulo muscular, o que
atrapalha a articulação dos sons.


3. Problemas auditivos

Mesmo que o teste da orelhinha ao nascer tenha sido normal, infecções de ouvido (otites) repetidas podem causar perda auditiva temporária ou permanente.


Quando a criança
não ouve bem, ela naturalmente fala menos. Por isso, uma avaliação auditiva é parte essencial da investigação do atraso de fala.


4. Questões cognitivas e emocionais

Condições como déficits de atenção, transtornos do espectro autista (TEA), atrasos cognitivos ou dificuldades emocionais também podem interferir no aprendizado da linguagem.
Cada caso deve ser analisado individualmente por uma equipe multidisciplinar.


O que fazer se meu filho não fala?

A orientação principal é: não espere demais. A ideia de que “uma hora ele vai falar” pode atrasar o diagnóstico e dificultar o tratamento.

Confira algumas ações práticas:

  1. Observe os marcos do desenvolvimento — compare com a idade da criança.
  2. Reduza o tempo de tela — evite televisão e dispositivos eletrônicos, especialmente antes dos 2 anos.
  3. Converse e brinque com a criança — use histórias, músicas e jogos para estimular a fala.
  4. Nomeie objetos e ações — durante as atividades diárias, diga o nome dos brinquedos, roupas e alimentos.
  5. Procure ajuda especializada — se houver suspeita de atraso, consulte um pediatra e um fonoaudiólogo.

Em alguns casos, o acompanhamento também pode envolver psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores, garantindo uma abordagem completa.


Como é feito o tratamento

Após a avaliação médica e fonoaudiológica, o plano terapêutico é definido conforme a causa do atraso.
Pode incluir:

  • Terapia fonoaudiológica individualizada, com exercícios de estimulação da linguagem e articulação;
  • Orientação familiar, ensinando os pais a estimular a fala no dia a dia;
  • Tratamento de otites ou perda auditiva, quando presentes;
  • Acompanhamento multidisciplinar, em casos de transtornos do desenvolvimento.

Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhores são os resultados.


Conclusão

O atraso na fala não é apenas uma fase — é um sinal que merece atenção.
Em muitos casos, com
intervenção adequada e estímulo correto, a criança alcança rapidamente o desenvolvimento esperado.

Se você tem dúvidas sobre o desenvolvimento da fala do seu filho, procure um pediatra. O acompanhamento médico e fonoaudiológico precoce faz toda a diferença na saúde e na comunicação da criança.


Perguntas frequentes sobre atraso na fala

1. É verdade que meninos demoram mais para falar que meninas?
Há pequenas diferenças, mas não justificam atrasos significativos. Ambos devem seguir marcos semelhantes de linguagem.

2. O uso de chupeta atrapalha a fala?
Sim, especialmente quando prolongado. Pode afetar a mordida e a articulação dos sons.

3. A fonoaudiologia ajuda mesmo?
Sim. A intervenção fonoaudiológica é essencial para estimular a linguagem, corrigir articulações e orientar os pais.

4. Crianças bilíngues demoram mais para falar?
Podem apresentar leve atraso inicial, mas se desenvolvem normalmente quando expostas de forma equilibrada aos dois idiomas.

5. A falta de socialização interfere?
Sim. A interação com outras crianças e adultos é fundamental para o desenvolvimento da comunicação.

6. Existe idade ideal para procurar o fonoaudiólogo?
Qualquer idade em que se perceba atraso. Quanto antes, melhor!



Autora: Dra Maura Neves CRM 97446


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